Você já pensou em desistir da odontologia? Uma, duas, três, diversas vezes? Bom, você faz parte de um grupo considerável de dentistas que já tiveram esta ideia e/ou realmente desistiram da profissão.
Primeiramente, é importante lembrar que TODAS as profissões apresentam seus altos e baixos. Logo, provavelmente, alguma vez na sua vida você vai pensar em chutar o balde desistir da odontologia.
Quando este pensamento é esporádico ou raro, tudo bem. Porém, quando passa a ser algo constante, isso já começará a afetar seu desempenho no trabalho, uma vez que exercer a odonto deixou de ser um prazer e passou a ser uma necessidade financeira, o que se torna um belo de um martírio.
Por favor! Não estou dizendo para fazer o que gosta, mesmo que não esteja sendo bem remunerado. Fazer o que gosta é importante? MUITO. Porém, satisfação pessoal não paga as contas. É importante sempre alinhar o prazer x sucesso financeiro.
De fato, temos diversos motivos para ter um certo desgosto da profissão e pensar em desistir da odontologia. Citarei alguns abaixo:
Tsunami de faculdades de odontologia
Com certeza esta razão tem que estar no topo da lista, uma vez que é a causa de todas as demais consequências. O excesso de profissionais no mercado odontológico torna cada vez mais acirrada a concorrência entre os consultórios que, muitas vezes, chega a ser desleal.
A atual política educacional do nosso país estimula a abertura de faculdades de forma indiscriminada, não sendo possível o CFO intervir, uma vez que quem determina se uma faculdade vai abrir ou não é o MEC.
Atuação ineficaz ou inexistente dos nossos órgãos de classe
Existe um engessamento das estratégias de organização da odontologia por parte das entidades como um todo. Não se pode utilizar ações que funcionaram no passado na atual conjuntura.
Deveríamos ter um sindicato mais atuante, já que ele é que DEFENDE o dentista e não o CRO, como muitos pensam, que tem a função de zelar pela ética profissional e pelo exercício legal da profissão.
Estas duas entidades deveriam andar de mãos dadas e não promover ações isoladas, que surtem pouco efeito ou efeito para um pequeno grupo de profissionais.
Do outro lado, é importante saber que, diferente do CRO, cujo pagamento da inscrição é obrigatório, o pagamento do sindicato é facultativo. Toda categoria FORTE tem um sindicato FORTE e ATUANTE por trás.
Ínfima participação da categoria em assuntos do seu próprio interesse
De nada adianta uma entidade atuante se o dentista não participa de nada. Falo isso com uma certa precisão porque já participei de diversas atuações tanto pelo CRO quanto pelo sindicato do meu estado.
Fizemos ações de divulgação que alcançaram no MÍNIMO 3.000 dentistas e nunca conseguimos nem lotar o auditório do sindicato, que tem um pouco mais de 100 lugares. Não dá para deliberar uma ação se a própria categoria nem sabe e nem se interessa em participar.
Aspectos éticos na profissão
Embora tenha mencionado um pouco disso acima, a concorrência desleal não quer dizer que ele queira realmente deixar a ética de lado. Na maioria dos casos é desconhecimento mesmo do que pode e do que não se pode fazer.
E muito disso é decorrente da ausência de conhecimentos de gestão para lidar com o mercado odontológico de trabalho.
Lembro que, uma vez, uma dentista no instagram postou uma frase que dizia algo do tipo:
Quando o dentista vai aprender que não se pode anunciar preço dos tratamentos?
Fiquei curioso e fui visitar o perfil dela. Para minha surpresa, havia diversas fotos dos casos clínicos tratados (antes e depois), algo que TAMBÉM é proibido pelo código de ética.
O que REALMENTE quero focar é no fato de ter comportamentos éticos perante os pacientes e, principalmente, com outros colegas de profissão.
No momento em que escrevo esta publicação, há uma foto nas redes sociais sobre uma coroa suspensa sem conexão com um implante. Diversas risadas e comentários antiéticos. Até que alguns implantodontistas tomaram a iniciativa e explicaram o motivo pelo qual de tal atitude.
Não se pode nem se deve julgar o trabalho de outros colegas, uma vez que nossa profissão tem uma GRANDE dependência do paciente e não há como saber o que e como realmente ocorreu o tratamento.
Concursos vampirões
O fato de não termos um piso salarial para serviços públicos faz com que a maioria esmagadora dos concursos para dentista ofereçam salários vergonhosos por uma alta carga horária. Isso encoraja muita gente que quer seguir a carreira de concursos a desistir da odontologia.
Convênios odontológicos
Têm um impacto bem parecido (em nível de remuneração) com o tópico acima, porém está relacionado a consultórios privados. A maioria dos convênios odontológicos oferecem remunerações muito baixas pelos procedimentos realizados, isso sem falar de toda a burocracia envolvida no atendimento.
Rapidamente, levantei alguns dos diversos motivos que impulsionam o desejo do dentista de desistir da odontologia. Porém, se você quiser seguir a vida de consultório privado, que é o objetivo principal deste blog, comece a perceber muita coisa depende de você.
Algumas não estão no poder de atuação do dentista, como a abertura excessiva de faculdades. Do outro lado, é importante lembrar que um número considerável de estudantes não concluem a graduação. Desistem da odontologia antes mesmo de cair no mercado.
Por exemplo, quantos dos seus amigos atendem APENAS pacientes particulares? Será que isso REALMENTE ocorre por que não há mais pacientes particulares? E se disser que apenas 20% da população brasileira tem convênios odontológicos? Alguém está atendendo o restante, concordas? Há foco e esforço para correr atrás dos pacientes particulares?
Da mesma forma que levantei motivos que coloquem em xeque a permanência na profissão, colocarei abaixo algumas indagações para reflexão:
- Qual o objetivo da sua vida pessoal e profissional?
- Os objetivos acima estão casados com o do consultório?
- O que você faz para captar pacientes PARTICULARES?
- Como você divulga seu consultório? Está compatível com a atual forma de se divulgar (internet) ou você ainda usa a tática da panfletagem?
- Como você controla seus custos?
- Como você estimula seus colaboradores (funcionários)?
- Você oferece um atendimento de excelência?
- Como você avalia os resultados das ações?
Falo isso com MUITA precisão: não desista sem começar a ver o que fez de errado. Isso vale para qualquer coisa da vida.
Faça um levantamento do que está sendo feito para virar o jogo a seu favor. Após isso, você pode identificar diversos fatores que não estão ajudando no bom desempenho do consultório. Inclusive pode até chegar a conclusão que tem que fechar o consultório e partir para outra região.
E não vá achando que mudar de profissão pode salvar sua pele. Vejo muitos colegas migrando para medicina, que segue o mesmo barco que odontologia. Em 2006, tínhamos aqui em PE 2 faculdades. 10 anos depois, temos mais de 10.
Faça uma análise geral do que está te deixando insatisfeito com a profissão e te faz pensar em desistir da odontologia. Veja a viabilidade de corrigir e correr para o abraço! Caso não haja, não pense duas vezes: vá procurar êxito pessoal e profissional em outra área!
Leia mais sobre o assunto:
- Como fazer um plano de negócios para seu consultório – Parte I
- Plano de marketing do consultório: criando o plano de negócios – parte III
- Como será o mercado odontológico em 2017?
- 4 fatos sobre mercado odontológico que vão te deixar de bom humor
- Devo cobrar o tratamento odontológico dos meus amigos e parentes?
- Quais são os objetivos do seu consultório
Gostou da postagem? Que bom! =)
Compartilhe com seus colegas de profissão. Acredite, se todos soubessem lidar com o mercado odontológico, estaríamos numa situação bem melhor. Então faça a sua parte!
Caso haja alguma dúvida, não hesite em perguntar abaixo! Mande sua dúvida que farei de tudo para te ajudar!
Grande abraço e até a próxima postagem!
Wilson Correia Jr.