Convênios odontológicos: realmente vale a pena se credenciar?
É uma dúvida muito comum que recebo de diversos colegas. Inclusive sobre como fazer se credenciar. Diante disso, decidi passar alguns, digamos, argumentos para que você reflita MUITO sobre o atendimento a convênios odontológicos.
Cada vez mais os dentistas estão se credenciando aos convênios odontológicos. Muitas vezes sem analisar diversos fatores que discutiremos adiante.
O fato é que a relação dentista x convênios, na maior parte dos casos, é turbulenta. Contudo, para muitos dentistas, é a única saída para colocar o consultório para funcionar. Muitas vezes até existe a montagem do consultório para atender convênios.
Do outro lado, é importante saber de algumas coisas antes de se credenciar aos convênios odontológicos. Então, vamos entender?
1. Nem sempre o dentista vai conseguir se credenciar junto aos convênios
Segundo o CFO, temos mais de 300.000 dentistas no Brasil, e isso literalmente foi um prato cheio para os convênios.
Hoje, temos em algumas regiões (principalmente capitais) que fazem uma lista de espera de credenciamento, justamente para ter uma reserva de dentistas para credenciamento. Logo, um dentista que monta um consultório achando que será fácil de credenciar pode se dar mal.
Além disso, durante a fase de credenciamento, muitos documentos são exigidos, como regularização pela vigilância sanitária e cadastro no CNES.
2. O atendimento aos convênios odontológicos possui muita burocracia
O processo de atendimento aos beneficiários dos convênios possui passos que nem sempre se encaixam no perfil do consultório. Por exemplo:
- Verificação do regularidade do paciente (para ver se ele poderá ser atendido);
- Envio do plano de tratamento odontológico via internet para liberação;
- Necessidade de preenchimento da Guia de Tratamento Odontológico (GTO), colocando o código do procedimento, o dente e a face;
- Assinatura do paciente nos procedimentos odontológicos que foram feitos bem como colocação das datas;
- Envio das GTOs na data que cada convênio determina.
Perceba que são muitos passos requeridos, o que termina gerando erros no processo, que pode findar no não pagamento dos tratamentos prestados.
Além disso, cada convênio possui suas peculiaridades, como por exemplo os procedimentos liberados. Por exemplo, a raspagem supragengival para alguns convênios é feita na região ASAI (arcada superior e inferior). Já outros convênios separam esta raspagem em AS (arcada superior) e AI (arcada inferior).
3. Os valores pagos pelos convênios odontológicos são muito baixos
Os baixos valores pagos pelas operadoras odontológicas praticamente obrigam o dentista a atender por volume de pacientes, isto é, causando uma alta carga de trabalho para ter algum lucro.
Determinados valores pagos sequer cobrem os custos do procedimento, como é caso da exodontia, custos valores podem chegar a R$ 15,00 por exodontia simples.
4. Existe a possibilidade de não pagamento
Além dos valores baixos, ainda existem as glosas, que são o não pagamento dos tratamentos realizados por algum motivo. Na maior parte dos casos, as glosas ocorrem por erros internos do processo de atendimento.
Por isso é importante que haja todo um preparo para lidar com a burocracia que os convênios odontológicos possuem.
Contudo, alguns convênios literalmente inventam motivos para não pagar ao dentista. Logo, é um motivo fortíssimo para não atender.
5. O paciente de convênio, em geral, é bem exigente
Como se já não bastassem os baixos valores pagos, as glosas e a burocracia, o dentista ainda terá que lidar com pacientes exigentes.
Os pacientes acham que fazemos parte do convênio (carteira assinada). Logo, quando o convênio não libera o atendimento ao paciente por algum motivo, o paciente colocará a culpa no consultório. E se prepare para ouvir a frase abaixo:
“Eu to pagando o convênio em dia. É descontado no meu contracheque…”
E quem atende convênios sabe: quanto PIOR for o convênio, PIOR E MAIS EXIGENTE será o paciente.
6. Atender convênios odontológicos se encaixa no seu perfil?
Nem sempre o dentista possui o perfil para atender convênio, ainda mais porque vai de encontro ao que ele idealizou no seu consultório.
É importante perceber se valerá a pena mudar todo o seu perfil de atendimento para se adequar ao processo de atendimento aos convênios.
Outro aspecto importante é em relação à venda de tratamentos odontológicos não cobertos pelo plano. De fato, é possível fechar tratamentos particulares, contudo, na maior parte dos casos, os pacientes de convênios são de baixa renda, e nem sempre possuem condições de arcar com estas despesas.
Mas, se mesmo assim, você deseja atender convênios odontológicos, fique por dentro das dicas abaixo:
- Procure informações com amigos e colegas sobre o convênio que deseja se credenciar. Valores pagos, glosas, burocracia, etc.;
- Negocie valores com os convênios, principalmente se você atende especialidades que as operadoras possuem dificuldades de credenciar, como endodontia e cirurgia;
- Acompanhe seu relatório de pagamento mensalmente para ver se vai ter glosas;
- Imprima as regras do convênio e entregue para a sua secretária. Desta forma, será possível evitar glosas por erros internos do consultório;
- Procure saber quais são os tratamentos cobertos pelo plano, até para orientar seu paciente ou para oferecer aquele tratamento que ele deseja fazer, mas no particular.
Leia mais:
- Marketing odontológico: tudo que você deve saber – O guia definitivo
- Quanto os convênios odontológicos pagam ao dentista?
- Por que o paciente de convênio falta muito à consulta?
- E se você deixasse de atender convênios odontológicos no seu consultório?
Gostou da postagem? Que bom! =)
Compartilhe com seus colegas de profissão. Acredite, se todos soubessem lidar com o mercado odontológico, estaríamos numa situação bem melhor. Então faça a sua parte!
Caso haja alguma dúvida, não hesite em perguntar abaixo! Mande sua dúvida que farei de tudo para te ajudar!
Grande abraço e até a próxima postagem!
Wilson Correia Jr.