Uma boa parcela dos dentistas que se formam desejam montar seu consultório odontológico. Geralmente, este tipo de dentista já tem o perfil de ser autônomo e escolheu partir para a área de consultório privado.
Contudo, diante da ausência de conhecimentos administrativos, o dentista, muitas vezes, deixa de enxergar alguns aspectos na hora de abrir seu consultório odontológico, o que poderá comprometer o futuro da empresa, principalmente no atual momento político-econômico do nosso país.
Diversas empresas quebram porque não levam em conta os fatores que discutirei neste post. Para se ter uma ideia, segundo o sebrae, 70% das empresas fecham antes dos dois anos de existência.
Diante dessa estatística aterrorizante, é importante que os dentistas tomem alguns cuidados na hora de abrir seu consultório odontológico. Vamos lá?
1. Escolha o seu público-alvo de atendimento no consultório odontológico
Parece algo básico, mas MUITOS dentistas, primeiramente, escolhem o LUGAR para depois escolher o público-alvo. Por exemplo, escolhem um local perto da casa. É algo conveniente? Sim! Mas isso não terá nada a ver com seu sucesso.
Se o dentista morar em um bairro popular e decidir abrir seu consultório naquela região, ele vai ter que atender a preços compatíveis com aquele seu público, do contrário, terá fracasso ou lucros pífios no consultório.
E toda o planejamento estratégico do consultório é construído em cima desta escolha. Tudo que será planejado será peculiar ao público (nunca, NUNCA esqueça disso). Por exemplo, uma estratégia de marketing odontológico para o público A-B é completamente diferente do marketing para o público C-D.
2. Observe os aspectos legais para abrir seu consultório odontológico em um determinado lugar
As exigências da vigilância sanitária e dos bombeiros estão cada vez mais fortes. Prédios antigos estão se adequando, contudo, nem sempre a mudança estrutural que estes órgãos solicitam podem ser feitas, inviabilizando a instalação e funcionamento de uma determinada empresa.
Em geral, na capital, as exigências tendem a ser mais fortes. Por exemplo, já ouvi relatos de colegas dentistas que fizeram altos investimentos para montar seu consultório e, porque a galeria não tinha elevador, a vigilância sanitária não permitiu o funcionamento. Todo aquele investimento foi perdido.
Isso também ocorre quando o consultório já está montado. Pode ter a CERTEZA de que, se a vigilância sanitária pedir para você quebrar a parede do seu consultório para colocar uma cuba extra, você só vai ter sossego quando fizer.
Por isso, é bom procurar informações com estes órgãos no seu município sobre a estrutura e exigências que são solicitadas para a abertura do consultório.
3. Tenha pelo menos algum planejamento estratégico para seu consultório
95% dos dentistas montam seu consultório sem nenhum planejamento estratégico, isto é, acham apenas que o ponto é bom, que vai colocar convênios odontológicos para vender tratamentos que o plano não cobre, etc.
A verdade é que os dentistas se baseiam em outros consultórios que eles já trabalharam para montar o seu. Não possuem noção do quanto é complicado gerir um consultório.
Logo, após montado, ficam sem saber:
- Como divulgar seu consultório através do marketing odontológico;
- Como ter presença na internet;
- Como captar novos pacientes;
- Como FIDELIZAR novos pacientes;
- Como estudar seus concorrentes;
- Como ter um plano operacional do consultório que permita fazer MAIS gastando MENOS;
- Como fazer o fluxo de caixa;
- Como blindar o consultório e protegê-lo da crise.
Sem isso daí, boa parte dos consultórios terão lucros minúsculos ou, pior ainda, cairão na estatística do SEBRAE. Logo, ter um bom planejamento estratégico do seu consultório odontológico será fundamental.
4. Ter capital para montar e, principalmente, MANTER o consultório odontológico
É bem natural o dentista fazer apenas o cálculo de montagem do consultório. Equipamentos, móveis, material odontológico, etc. Mas esquecem dos custos de abertura do consultório (taxas de bombeiros, vigilância sanitária, CIM, etc.) e, principalmente, dos custos de MANUTENÇÃO do local.
Imaginem o quanto seria MARAVILHOSO montar um consultório hoje e já ter uma agenda cheia a tal ponto que já gerasse um bom lucro? Lindo, não? Só que ocorre exatamente o oposto.
O dentista, no começo, é um verdadeiro faz tudo. Na maior parte dos casos, ele não possui capital para contratar uma secretária ou ASB. Logo, ele terá que fazer todo o trabalho que um consultório exige.
Além disso, mesmo com os custos empregatícios reduzidos, o dentista ainda terá que ficar com as contas no vermelho por alguns meses justamente porque não terá pacientes.
Aí ele poderá pensar: vou colocar convênios odontológicos e, pelo menos, pagarei as contas. Ledo engano.
A alta demanda de dentistas no mercado favoreceu a saúde odontológica suplementar. Hoje, literalmente, os convênios odontológicos possuem lista de espera para o credenciamento. Além disso, os convênios possuem algumas exigências, como ser especialista ou ter um tempo mínimo de formado (varia entre 2 a 5 anos).
E, por falar em convênios odontológicos, não podemos deixar de falar dos baixos valores pagos e das glosas. Lembre disso.
Ou seja: na maioria esmagadora dos casos, o dentista vai passar de 4 a 6 meses pagando contas. Só após isso, começará a ter algum lucro. Por isso é importante ter um capital para aguentar este período de vacas magras.
Claro que há outros diverso aspectos que devem ser levados em conta na hora de montar o consultório odontológico. A ideia deste artigo é que o dentista faça pelo menos o mínimo para não perder nem dinheiro nem tempo no futuro.
Leia abaixo a sequência de artigos sobre planejamento estratégico do consultório odontológico:
- Como fazer um plano de negócios para seu consultório – Parte I
- Elaborando um plano de negócios para seu consultório – parte II
- Plano de marketing do consultório: criando o plano de negócios – parte III
- Como otimizar o atendimento no consultório? Plano de negócios: elaborando o plano operacional – parte IV
- Plano financeiro do consultório: construindo o plano de negócios – parte V
- Construção de cenários do mercado odontológico: criando o plano de negócios – parte VI
- Avaliação do plano de negócios do seu consultório – parte VII
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Grande abraço e até a próxima postagem!
Wilson Correia Jr.