Embora seja algo bem chato de discutir,determinados erros podem dar fim à sociedade do consultório. Isso não ocorre somente na odontologia mas em todas as áreas. Por mais que se planeje a coisa, a dissolução da sociedade pode ocorrer.
Diversos aspectos devem ser levados em conta na hora do fim de uma parceria entre duas ou mais pessoas. O ideal é que tudo tenha sido feito formalmente através de um contrato no qual cotas, funções, dentre outras coisas serão determinadas legalmente.
Alguns aspectos já foram discutidos no post sobre a criação de sociedade entre dentistas. Caso não tenha lido, clique no link abaixo:
Sociedade no consultório: vale a pena?
Determinadas atitudes entre os sócios podem criar um clima bem desagradável no ambiente do consultório. Por isso que bato muito no ponto da discussão entre os futuros sócios para saber se há uma convergência de objetivos.
Alguns erros que os sócios cometem que podem por toda a sociedade ladeira abaixo
A abordagem aqui é impedir a ruptura da sociedade. Muitos dentistas ficam sem saber o que fazer, e terminam tendo até que recomeçar praticamente do zero. Então, vamos discutir alguns pontos importantes:
Divergência de objetivos entre os sócios
A ideia de uma sociedade é a cooperação mútua entre os sócios com meta de levar o consultório a um determinado patamar na sociedade. Por exemplo, você pode ter como visão ser referência em saúde bucal no município X.
Para chegar neste ponto, os sócios tem que convergir nos objetivos e estratégias. Um exemplo clássico disso é quando um sócio quer atender mais e mais e convênios odontológicos e o outro quer captar clientes particulares. Acredite, isso tenderá ao fracasso rapidinho.
Inflexibilidade na sociedade
Sociedade é um casamento sem sexo (ou pelo menos deveria ser). Ser flexível em algumas situações faz parte deve fazer parte do cotidiano da sociedade, inclusive para criar um bom clima entre os sócios.
Às vezes percebemos que um dos sócios empaca feito uma mula em um determinado ponto que vai dar errado, mas ele acredita que vai dar certo e quer insistir. Se for algo de baixíssimo ou nenhum custo, vale a pena ele tentar, mesmo sabendo que a chance de quebrar a cara é grande.
Tem crianças que precisam por o dedo na tomada e levar um choque para saber que aquilo não deve ser feito. Logo, seja flexível até nos erros.
Aqui vale o mesmo para ideias boas. Por mais que sua ideia seja melhor, às vezes é bom ceder para que o sócio aplique a ideia dele, porém é preciso deixar claro que logo após será aplicada a sua. Todos têm que ceder.
Definição clara das atribuições de cada sócio no consultório
Numa sociedade, sempre tem um sócio que termina sendo o líder, logo é natural que ele puxe para si a maioria das responsabilidades, porém NÃO todas. É importante deixar clara as funções de cada integrante do processo. Clique aqui e veja como fazer isso.
Sócio que tem o comportamento de colaborador
Fazendo um link com o tópico acima, a falta de clareza das funções termina criando uma dúvida na realização de determinadas tarefas, criando aquela situação “deixa que eu deixo”. Sempre um dos sócios termina sendo mais proativo e resolve o problema.
Do outro lado, os demais sócios não se preocupam tanto em resolver, já que vai ter sempre aquele sócio que vai lá e resolve, protelando muitas vezes um problema que era pequeno e se tornou grande em decorrência da omissão dos demais sócios.
Deixe SEMPRE claro que cada um tem um papel importante na sociedade.
Nem sempre seu amigo será um bom sócio
Um erro clássico é achar que “amigos se entendem” e tudo dará certo. A sociedade termina virando um clube dos amigos: cada um faz o que quer e quando bem entende. Muitas vezes os melhores sócios são aqueles que você tem menos intimidade.
Claro que conhecer uma pessoa há anos te colocar numa situação muito confortável para decidir se vai querer ser sócio dela ou não.
Por exemplo, aquele seu amigo que tem um comportamento irresponsável não desejável na vida tende a levar para a empresa, logo não seria uma boa.
A escolha do sócio não deve ser por afinidade ou amizade e sim por COMPETÊNCIA.
Aqui menciono uma coisa que poucos fazem: deixe TUDO estabelecido contratualmente. Amigos, amigos, negócios à parte.
Discussão prévia do que cada um quer para sua vida profissional
Novamente fazendo um link com o tópico acima, temos amigos que aparentam querer crescer na profissão, mas de uma maneira completamente diferente da sua e, sinto te dizer, dependendo do tempo que ele se comporta assim, dificilmente irá mudar.
Isso vale com um amigo ou com qualquer outra pessoa. Têm coisas na vida que é melhor nem começar, concordas? Isso aqui também vale para sociedade.
Quanto menos erros você cometer, melhor!
Realizar determinadas tarefas sem consulta prévia
Aqui NÃO entenda aquelas atribuições que já são inerentes aos sócios, mas sim determinadas decisões que devem ser discutidas em grupo. Por exemplo, a aquisição de um determinado equipamento para o consultório.
De nada adianta ter uma sociedade na qual todos têm direito à voz se um termina fazendo o que quer. Com o passar do tempo, os demais sócios se acham no direito de fazer a mesma coisa, criando uma bola de neve difícil de controlar.
Falta de experiência de mercado
Alguém tem que ter um mínimo de experiência. Nem ouse entrar em um negócio sem ter conhecimento da área na qual vai atuar. Pode parecer óbvio mas é um dos principais erros do dentista.
Se um dos sócios tem mais conhecimento, é importante humildade dos demais para aceitar que, provavelmente, as sugestões dele tenham mais chance de dar certo do que as dos demais que não têm experiência.
Leitura recomendada:
- Os colaboradores do consultório – parte I: a contratação
- Os colaboradores do consultório – parte II: (ASB)
- Os colaboradores do consultório – parte III: a secretária
- Sociedade no consultório: vale a pena?
- Quais são os objetivos do seu consultório
- Como criar suas metas do consultório?
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Grande abraço e até a próxima postagem!
Wilson Correia Jr.